Indicações de ex-funcionários para primeiro escalão estimulam especulações sobre a sombra de ex-presidente no próximo governo dos EUA.
G1
O presidente eleito Joe Biden desenha seu gabinete com nomes conhecidos do governo de Barack Obama, que sinalizam uma ruptura com o modus operandi dos últimos quatro anos nos EUA.
Na política externa, Anthony Blinken, o indicado para futuro secretário de Estado, foi celebrado por buscar a retomada com a diplomacia e o multilateralismo, em contraposição à doutrina “America Primeiro” difundida por Trump.
A presença de veteranos de Obama na Casa Branca de Biden deve motivar comparações entre os dois governos democratas e especulações sobre a influência do ex-presidente no futuro governo. Enquanto o presidente eleito monta seu gabinete, na última semana, o ex-presidente não sai do noticiário, promovendo o livro de memórias “A terra prometida”.
Numa live promovida pelo “Washington Post” nesta segunda-feira, Obama descreveu Blinken, a quem chama de Tony, como um homem de confiança, um diplomata habilidoso e conhecido no cenário internacional. Se é considerado um centrista, ele também apoiou intervenções militares na Líbia e na Síria. Mas defendeu a entrada de imigrantes nos EUA durante a crise dos refugiados -- iniciativa desprezada pelo atual governo.
O escolhido para ocupar o cargo mais importante do governo americano trabalhou com Biden no Senado, foi seu conselheiro de segurança nacional quando ele era ex-vice-presidente e, depois, conselheiro adjunto de segurança nacional de Obama.
O currículo, segundo o ex-presidente, lhe garante as credenciais para recuperar a liderança dos EUA e restaurar a confiança de seus aliados, marcas que se dissiparam durante o atual governo.
Porém, conforme também ressaltou, o conserto dos danos não será simples nem rápido. A resistência de Trump a admitir a derrota para Biden indica aos aliados que o país está profundamente dividido.
“Faz o mundo questionar o quão confiáveis e estáveis os EUA podem ser", alertou o ex-presidente.
Ex-secretário de Estado de Obama,
John Kerry foi indicado para ser uma espécie de czar do meio ambiente no futuro
governo e consertar os estragos de Trump, que retirou os EUA do Acordo do
Clima. Janet Yellen, a ex-presidente do Banco Central americano (FED), deverá
ser nomeada secretária do Tesouro.
O presidente eleito inova ao escolher o cubano-americano Alejandro Mayorkas como o primeiro imigrante a comandar o Departamento de Segurança Interna, do qual foi secretário-adjunto entre 2013 e 2016. Conselheira adjunta de Segurança Interna da Casa Branca no governo Obama, Avril Haines agora será diretora de Inteligência Nacional, tornando-se a primeira mulher a liderar a comunidade de inteligência nos EUA.
Numa lista de poucas surpresas até agora, Biden optou por nomes moderados, com experiência e que dominam a máquina do governo, para tomar um rumo oposto ao ditado pelo atual presidente. Seus críticos, porém, anteveem o próximo governo como um terceiro mandato de Obama. O presidente eleito, que herdará uma pandemia para combater, parece pouco preocupado com o rótulo.
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