A Bahia está entre as 21 unidades federadas que registraram casos de sarampo em 2020. No país que chegou a ter a certificação de erradicação da doença, foram notificados ao Ministério da Saúde neste ano 16.611 ocorrências suspeitas da infecção. Entre os 417 municípios baianos, 82 solicitaram sorologia e biologia molecular para diagnóstico de sarampo. O estado chegou a dezembro com sete casos confirmados.
Em todo o país foram confirmados 8.385 casos, 50,5% do total de notificações. Os descartados foram 7.834 (47,2%) e seguem em investigação 392 (2,4%).
Os dados constam no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde que contabiliza os registros até 5 de dezembro.
Até a ocasião, foram realizados 34.287 exames para diagnóstico de sarampo no Brasil.
Do total de municípios brasileiros (5.570), 1.263 (22,7%) solicitaram sorologia (IgM) para detecção da doença. Desses, foram identificados 486 (38,5%) municípios que tiveram pelo menos um exame IgM positivo. Do total de exames solicitados, 97% (18.239) foram liberados e, destes 37% (6.747) foram positivos para sarampo.
De acordo com o Ministério, 17 unidades federadas interromperam a cadeia de transmissão do vírus, mas quatro mantêm o surto ativo: Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Amapá. Consequentemente são esses os estados que concentram o maior número de casos confirmados de sarampo: 8.108 (96,7%) no total.
Os óbitos por sarampo ocorreram nos estados do Pará (5), Rio de Janeiro (1) e São Paulo (1).
A vigilância laboratorial do sarampo no Brasil é feita através da realização dos exames executados pela Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (RNLSP). Os Lacen realizam tanto a sorologia para diagnóstico laboratorial quanto o diagnóstico diferencial. O ensaio de Elisa é a metodologia oficial adotada, devido a sua sensibilidade e especificidade. O Laboratório de Referência Nacional (LRN) / Fiocruz realiza além da sorologia, a Biologia Molecular (RT-PCR em Tempo Real) e identificação viral, o método mais específico para determinação do genótipo e linhagem do vírus responsável pela infecção possibilitando o mapeamento das cadeias de transmissão.
VACINAÇÃO
No ano em que a pandemia da Covid-19 tomou conta dos noticiários, políticas públicas, conversas entre as pessoas e que mudou a rotina da sociedade, um problema que já vinha sendo enfrentado pelo Brasil e pela Bahia se agravou: a baixa adesão à vacinação. Dados parciais da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) publicados pelo Bahia Notícias no início de dezembro mostram que aqui, há um mês do fim do ano, apenas 55% da população que deveria ser vacinada contra o sarampo compareceu aos postos e recebeu o imunizante (leia a reportagem completa).
Como consequência desse comportamento de não vacinados está o aumento dos chamados “bolsões suscetíveis”. O termo técnico diz respeito ao acúmulo de pessoas sem a devida proteção. “Se o vírus é introduzido aqui, rapidamente eclode um surto ou epidemia”, advertiu o coordenador de Imunização da Sesab, Ramon Saavedra.
“A adesão ficou ainda menor no início da pandemia. A gente publicou na Sesab um documento para incentivar vacinação no contexto da pandemia, tentando trazer ambiente seguro e buscar estratégias alternativas de vacinação para garantir a proteção da população. Mas é um desafio enorme porque a gente vê pelos indicadores que a cobertura vacinal está em queda. Significa que estamos acumulando pessoas que estão ficando vulneráveis”, disse Saavedra.
A última vez que a Bahia atingiu a meta de vacinação, de 95% da população, foi em 2014. De lá para cá o estado até tem se esforçado, mas segue sem conseguir vacinar o número considerado ideal, admite Saavedra. O cenário vivido aqui não é isolado, já que a Bahia segue a tendência nacional. De acordo com ele, ao observar a série histórica desde 2009, o país bateu a meta da vacinação da tríplice viral até 2016 initerruptamente, mas desde então tem se mantido abaixo do percentual alvo.
O coordenador acredita que redução da adesão às vacinas é multifatorial e perpassa por questões para além da saúde, mas entre esses fatores está a falsa sensação de segurança, “justamente por não ter mais a doença”.
MUNDO
Se engana quem pensa que os problemas com sarampo são exclusivos do Brasil. A Organização Mundial da Saúde divulgou dados que indicam que a doença matou mais de 207 mil pessoas no mundo somente no ano passado. O número representa um crescimento de 50% em quatro anos. Os dados constam no relatório divulgado pela entidade em conjunto com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos (leia mais aqui).
O Brasil perdeu em 2019 a certificação de erradicação do sarampo concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) após registrar um caso endêmico no Pará (saiba mais aqui e aqui). O Ministério da Saúde se comprometeu a realizar ações a fim de recuperar a certificação, fato que ainda não ocorreu.
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