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27 de jun. de 2021

Jovens são os que mais empreendem durante a pandemia, confira

 

Empreender em meio às restrições contra a Covid-19 tem sido desafiador, mas, mesmo com as dificuldades do momento, jovens baianos estão começando novos negócios. Os empreendimentos iniciados por jovens, entre 18 e 39 anos, equivalem a 52% das pouco mais de 655 mil microempresas individuais abertas em 2020 na Bahia, de acordo com o Sebrae.

Ainda que muitos empreendimentos tenham fechado durante a pandemia, o Ministério da Economia registrou um saldo positivo de 2,315 milhões de novos negócios abertos no país no ano passado. A presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje), Maria Brasil, afirma que os números indicam que, embora haja incerteza, o cenário também é de oportunidade. E a juventude, apostando na inventividade, está sabendo aproveitar.

A inquietude dos jovens, aliada à necessidade diante das poucas oportunidades de emprego, tem feito eles buscarem pelo empreendedorismo, analisa o presidente da Associação de Jovens Empreendedores da Bahia (AJE), Leandro Miranda. Ele observa que, em Salvador, há uma crescente, principalmente, de startups e de negócios que visam atender a demandas locais nas periferias. O analista do Sebrae Rogério Teixeira também destaca esses perfis de empreendedores, mas considera que existe “uma diversidade enorme de jovens que têm empreendido nas mais diversas áreas na cidade”.

Começo do zero

Mesmo após a experiência de falência em um negócio, a empreendedora Yve Góes, 37, não se deu por vencida e, em 2018, resolveu abrir uma nova empresa. Foi assim que nasceu A Menina do Sofá (@meninadosofa), marca de higienização de estofado e sanitização de ambientes. “Eu sou do tipo que acha que tem que fazer com medo mesmo, senão você acaba não alcançando o que quer”, afirma.

Yve conta que começou o seu empreendimento “do zero, quebrada mesmo”, norteada pela perspectiva de que estava trazendo um produto diferenciado: a Tecnologia Rainbow, sistema considerado um dos melhores para aspiração de pó. “Para empreender no Brasil, você tem que ser resiliente. A resiliência é muito necessária, assim como a vontade de fazer as coisas acontecerem”, ela diz.

A capacidade de lidar com os problemas, se adaptando às mudanças e enfrentando as adversidades, é vista por Maria Brasil como uma característica importante dos jovens empreendedores e que será preponderante para eles nos próximos anos. “O futuro do empreendedorismo jovem vai estar muito pautado numa geração que aprendeu a se reinventar”, diz a presidente da Conaje.

Adequar-se ao desafio também faz parte da experiência de Giuseppe Salvetti, 27, no empreendedorismo. Um dos sócios do Boteco Português (@botecoportugues), negócio que abriu durante a pandemia, Giuseppe diz que suas principais dificuldades no começo foram definir o público-alvo do bar e restaurante e traçar o seu planejamento em meio à crise. A organização detalhada e cautelosa da gestão do negócio tem sido chave para a condução do boteco com seus parceiros. “Fazemos um planejamento tendo em vista o pior cenário. É preciso ter um projeto específico do que você deseja executar para fazer dar certo”, diz.

Alana Sales (@alanacsales), 31, é formada em engenharia química, mas encontrou sua realização profissional em uma outra área. Em busca de maior liberdade e autonomia, no ano de 2017, decidiu abrir uma empresa de consultoria de gestão e liderança. Atualmente, a mentora de carreira está também à frente da startup Flow – Escola pra Vida (@escolaflow) e planeja abrir um terceiro negócio no próximo semestre.

Alana investiu na área de consultoria de gestão | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
Alana investiu na área de consultoria de gestão | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE














Para Alana, os consumidores do mercado atual estão se conectando cada vez mais com o propósito das empresas e mais dispostos a dar seu dinheiro para aquelas com as quais se conectam. “Acho que estamos passando, sim, por um momento muito doloroso, mas tem muitos negócios crescendo que partem de ideias bacanas com causas profundas que vão impactar realmente”.

O diferencial está em conseguir compreender esse novo viés. “As empresas precisam se comunicar com o outro, entendendo que ali está uma pessoa e não apenas um número para as vendas”, a empreendedora afirma. Essa percepção, segundo Alana, está mais presente entre os jovens, que, para ela, possuem uma preocupação maior com questões sociais e ambientais.

Yve Góes concorda que o propósito da empresa faz a diferença na venda e acredita que isso tenha se intensificado durante a pandemia. “Acho que em relação ao planejamento, à gestão da equipe, das pessoas para lidar com o cliente. Tudo isso ficou mais importante. As pessoas compram de pessoas, não de marcas, elas estão valorizando mais esse cuidado”, observa a dona da Menina do Sofá.

Tecnologia é aliada

Maria Brasil destaca que entre os muitos projetos de base tecnológica que surgiram no último ano, a maioria é capitaneado por jovens. “É um nicho que eles dominam e conseguem ter êxito”. A digitalização dos negócios foi altamente acelerada e a proximidade que muitos desses empreendedores já tinham com esse tipo de conectividade facilitou a sua gestão.

Apesar de sua empresa já estar presente nos ambientes digitais, Yve Góes precisou fazer algumas mudanças na sua comunicação online. “Passei a me mostrar mais nas redes sociais da Menina do Sofá, e esse foi um diferencial importante. A gente precisa estar presente nos comunicando com as pessoas, mostrando quem somos aos clientes”, diz Yve. Giuseppe e Alana também destacam o uso das ferramentas digitais como essenciais neste momento.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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