A
pesquisa da semana passada foi dividida em dois cenários. No primeiro,
estimulado, no qual os entrevistados respondem aos nomes fornecidos pela
própria pesquisa, ACM Neto lidera com 52%, acompanhado de Jaques Wagner, em
segundo lugar, com 29%. Em terceiro lugar, vem o ministro bolsonarista João
Roma (Republicanos), com 5%. Marcos Mendes (PSOL) obteve 1%
Em seguida,
no segundo cenário, a pesquisa indicou os postulantes, vinculando-os, no
entanto, a apoios do plano nacional. Neste formato, “Wagner com o apoio de Lula
e Rui Costa” fica em primeiro, com 46% das intenções de voto. No segundo lugar,
“ACM Neto com o apoio de Ciro Gomes” obteve 33%. Em terceiro lugar, “João Roma
com o apoio de Bolsonaro” obteve 11% - um bom resultado, mas com pouca chance
de vitória, dada a alta rejeição do presidente entre os baianos. Marcos Mendes
(PSOL) manteve os mesmos 1%.
Para onde
foram os votos de ACM Neto, entre o primeiro e o segundo cenário? O
questionário da pesquisa e as variáveis escolhidas permitem saber essa
resposta, mas o instituto e a contratante deliberaram por não divulgar esses
dados. Apesar disso, podemos inferir, de modo preliminar, que o peso de Lula é
determinante na escolha do “voto casado” para governador.
Com Lula
registrando 59% de intenção de votos entre os baianos (na mesma pesquisa,
Bolsonaro ficou nos 21%), há uma margem confortável, a 10 meses das eleições,
para se considerar um cenário de crescimento político do PT na Bahia. Vale
lembrar que Haddad obteve 72,69% dos votos no segundo turno de 2018; Dilma
Rousseff, no segundo turno das Eleições de 2014, saiu da Bahia com 70,16%. Esse
patamar de votos é um choque para ACM Neto, uma vez que, quanto mais apoios
Lula obtiver na Bahia, mais chances terá Wagner de retornar ao Palácio de
Ondina.
Com o
resultado da pesquisa, fica a pergunta: como ACM Neto fará para “lular”? Ele
precisa dos votos lulistas; como fará para obtê-los? Por enquanto, Lula não
depende de um acordo de neutralidade na Bahia, porque seu capital político não
aumenta com Neto; o vetor é inverso. Tudo indica que, mais uma vez, Lula será o
fator nacional a determinar o resultado das eleições baianas.
*Cláudio
André de Souza é professor Adjunto de Ciência Política da Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e um dos
organizadores do “Dicionário das Eleições” (Juruá, 2020).
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